Me Acorde Quando Setembro Acabar

“Mas o ano mal começou e você já quer que ele chegue ao fim?”

Siiiimm! De fato, nunca antes um ano havia começado comigo sabendo de antemão que ele seria tão singularmente complexo. A magnitude das mudanças que nele serão definidas e/ou concretizadas bem como os desdobramentos práticos, físicos, psíquicos e emocionais resultantes de tais mudanças não têm precedentes em minha vida. Embora algumas rotas já estejam esboçadas à minha frente, o horizonte ainda parece trêmulo e só os próximos meses revelarão por qual delas seguir. Por enquanto, só me resta o suplício que é esperar. Qualquer que seja o caminho a percorrer, sei que a quantidade de providências a tomar não caberá nos 365 dias que 2025 tem a me oferecer. Paradoxalmente, como parece ser típico do meu ser, tudo que eu queria neste momento era cair agora em sono profundo e acordar só quando setembro acabar!

MÚSICA PELOS MEUS OUVIDOS

WAKE ME UP WHEN SEPTEMBER ENDS [Me Acorde Quando Setembro Acabar]
Green Day
[Billie Joe Armstrong]

Sinceramente, nunca fui lá uma grande fã dessa música, muito menos de Green Day. De alguns meses pra cá, no entanto, e particularmente a partir da virada do ano, tem sido praticamente impossível passar um único dia sem me lembrar dela. Para Billie Joe Armstrong, os versos são uma verdadeira catarse. Inspirada pela frase que ele, aos 10 anos, disse para a mãe que batia na porta de seu quarto para ver como ele estava após voltar do funeral de seu pai, dele arrancado por um devastador câncer de esôfago, Wake Me Up When September Ends tornou-se um sucesso de crítica e de público. Mas, não sei se por insensibilidade ou egoísmo, ou por ambos, há tempos notei que, por mais aclamada que uma obra seja, para me tocar de alguma maneira, ainda que mais despretensiosa, é preciso que eu tenha alguma relação com ela. Agora tenho. Talvez seja injusto reduzir a profundidade do que para o compositor foi um poderoso processo de libertação a uma mera trilha sonora mental para a ansiedade que, apesar de indesejável, tem sido uma inseparável companhia. Ainda assim, é este o contexto que hoje me faz perceber essa canção com outros ouvidos e enxergar nela uma beleza que antes me era oculta – mais um elemento sendo ressignificado pelas voltas que a vida dá.

PS: sou super favorável ao uso bem dosado do humor para trazer alguma leveza às nossas vidas. Dito isto, memes envolvendo essa música costumam ser de uma insensibilidade incomensurável! Dada a superficialidade do mundo em que vivemos, tamanha insensatez não surpreende, mas não tem a menor graça!

[faixa #10 na playlist Musings N’ Music Soundtrack]